Poderíamos pensar o longa Guerra ao Terror (The Hurt Locker, EUA, 2008/9), da diretora Kathrin Bigelow partindo de alguns pressupostos.
Um crítico voltado para uma análise mais psicológica possivelmente trataria o filme como uma metáfora. Ou seja, veria no sargento William James (interpretado pelo o ator de TV Jeremy Renner) um protótipo da mentalidade da sociedade norte-americana; seu vício como símbolo de um vício maior que abarcaria a todos os seus compatriotas. Tanto James, batizado com o nome de um importante expoente do pragmatismo – essa filosofia tão americana – quanto os próprios estadunidenses teriam na complacência frente à abundância consumista e no tédio da vida politicamente correta americana as fontes de sua própria fascinação pela violência – uma verdadeira neurose pela adrenalina. A frase do jornalista Chris Hedges, que inicia o filme, traria a chave para esta compreensão: “A agitação da guerra é um vício potente e geralmente letal, pois a guerra é uma droga”. E os americanos estariam, portanto, voltados para o combate como uma forma de calar dentro de si mesmos sua própria mediocridade, seu próprio vazio, digamos, existencial.