Queridos irmãos e amigos,

Como vocês podem imaginar, à medida que o dia da nossa partida aqui vai se aproximando (sairemos daqui no dia 18/12, chegando ao Brasil no dia 20), vai crescendo no coração a expectativa da volta, mas também o aperto no coração de deixarmos os amigos e o trabalho aqui.
Foram quase dois anos (chegamos em Lubango no dia 01/02/2010), que porém foram permeados pelas nossas saídas daqui por causa da falta de um visto mais permanente. Não imaginávamos que esse visto seria tão difícil, afinal, pensávamos que seria do interesse dos angolanos facilitar nossos vistos, para servirmos ao seu país. Não sabíamos que havia outras “lógicas” por trás, que tanto atrapalham o desenvolvimento desse belo país: a corrupção e a burocracia, aliadas à ineficiência, males que também afetam nocivamente nossa terra brasileira. Assim, nosso tempo aqui foi “podado”, sem falar daquele clima de partida e chegada freqüentes durante nosso tempo aqui, que interrompiam o trabalho e prejudicaram nossa integração ao país e à igreja local.
Bem, ao invés de olhar pela metade do copo sem água, somos gratos pela água na outra metade, usando a famosa metáfora. Foi um bom tempo em que fomos abençoados pelo Senhor de diversas formas: fomos protegidos contra as doenças comuns aqui (eu especialmente testemunhei como é fácil se morrer em Angola), dos acidentes de trânsito tão freqüentes na cidade, de outros problemas que às vezes são criados pelas autoridades com motivações escusas. Fizemos amigos, pudemos servir no hospital, salvando algumas vidas e servindo a várias outras, tentando mostrar de maneira prática o amor do Senhor pelos pacientes e suas famílias.
Nesse tempo de despedida posso sentir como fui recebido com carinho pelos funcionários do hospital e pelos pacientes, o que tem feito nossa partida muito dolorosa, pois muitos pacientes dizem que eu sou o seu “doutor” e não querem nenhum outro. A boa notícia é que desde abril a Dra Annelise Olson, cirurgiã geral que acabara seus 5 anos de residência nos EUA (filha de missionários em Portugal, e por isso com bom português lusitano), veio servir no hospital, a princípio por 4 anos, mas agora está disposta a ficar de maneira mais definitiva. Acho que foi resposta de oração do Dr Foster. Assim, o trabalho no hospital desde a sua chegada tem sido compartilhado entre Dr Foster, Dra Annelise e eu, o que diminui  a carência médica no hospital quando eu sair.  Também, um médico americano que trabalhou nos últimos 5 anos na Amazônia, Dr Tim Kubacki, está planejando vir com sua família para trabalhar aqui a partir de fevereiro do próximo ano, a depender do visto e do sustento que ainda não tem por completo. Orem por isso pois a carência de bons médicos é enorme.
Assim, nossas últimas 3 semanas aqui são permeadas pelo sentimento de gratidão a Deus, e pela saudade antecipada do tempo, amigos, e do trabalho aqui.
Agradecemos de coração a todos que nos apoiaram em oração, em amizade, e até financeiramente. Sabemos que não poderíamos ter cumprido essa missão sem esse apoio. Que o Senhor os recompense. O povo angolano é grato a vocês também.
Pedimos suas orações pelos últimos dias de trabalho, pela transição no hospital, por nossa viagem, pelo David no Brasil se preparando para a segunda etapa do vestibular.
Esperamos revê-los a partir de nossa chegada ao Brasil dia 20/12. Que o sentimento natalino e a memória da maior dádiva de Deus por nós, inspirem continuamente nossos corações.

Obrigado,
Eduardo (com Norinha, David, Paula e Rachel)